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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Bordôletas bordadas

Lagarto dolorido de casulo
Liberta colorida borboleta

Revoa sobre o corpo em cárcere
extravasa as dores e compensa 

Os cinzas da amálgama alma solitários
Multidão de azul, violeta, lilás, carmim, magenta

A grade vertical que encerra a cela
sela de cimento não alenta

Bordôletas bordadas na pele
asas levam o pensamento

Prisioneiro livre de bordoadas
pode voar desatento



Texto: Thiago Reginaldo
Fotografia: Surreal de Robert e Shana Parkeharrison

domingo, 20 de julho de 2014

A arte verbal

A ação de escrever pode devir arte. Em consonância com as manifestações artísticas translada imagens, sons e sentimentos em textos verbais. Enquanto verbos são ações da alma no papel que o recebe e dão vazão a auguras, amores e angústias do escritor. Na sua decodificação despertam, indeferem, ferem, harmonizam ou apaziguam. Uma vez tocado o coração de quem lê passam a ter vez na vida presente do outro - transformam as ações da alma de quem escreveu por empatia em ações da alma de um eu. A tal arte da escrita neste caso é transporte de emoções pela arte verbal. O pretérito e a coerência da escrita quando decodificados pelo ser pouco importam uma vez vibrados os quebrantes do eu.


Autor: Thiago Reginaldo
Imagem: Dominik Smialowski no "Missing Garden project"

sábado, 14 de dezembro de 2013

O Doutor pirou.

Doutor: Ei maluco!
Para que tantas palavras?
Dizeres de um novo amanhã?
Pare de falar sandices de promissores tempos!

Maluco: Não posso doutor. É que isso não faz sentido, não tem porque existir. Quebrou, engessou, parou no tempo.

Doutor: Ora quanta bobagem!
Se está aí é porque funciona, traz bons resultados.

Maluco: Desculpa senhor, mas eu não posso. Desse jeito não dá.

Autor: Thiago Reginaldo

sábado, 23 de março de 2013

Palavras da alma


as palavras ardem 
a gastrite da alma

querem sair a todo vapor ou ficar dentro do corpo solidificas a espera do momento luz


brilham numa brancura que cega quando saem

secam marés e alagam sertões com a volúpia de proferir

é gênese do avesso

saem em embrulhos 
pacotes laçados 
endereçados
desinteressados
aliviam o lume interior
arcabouço do lume externo

intrínseco revelado em velas de barcos

marejam a vista
mãos em lábios
cordas em unhas
linhas em rugas

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

domingo, 15 de maio de 2011

O avesso

Imerso na real realidade
o lado de papel, rascunhado
rabiscos tentados de inventos testados
com provas de tais relatos de um fato alardeado

Escreves em ampulhetas de tempos
Chaqualhados em revessos tempestivos
o tempo imutável
sóbrio em bolhas de aço

Punhais de titânio perfuram o vidro
trágico momento
levar adiante
postergar a sobriedade
insana evolução
antagônica

Do avesso
é do avesso
de dentro das partículas ser
que manifestam os ímpetos, atos, tatos

Complicado o dado de dentro
multifacetado
disperso dentro do espaço infinito
intangível

O avesso
o verso que não está
logo não é pra ver
logo não se vê
logo não pode estar do avesso
está dentro
um avesso de dentro
avesso do avesso
bifurcado, enroscado, laceado, escondido

Travesso - atravesso do verso avesso
lá está o que não pode estar.

Autor e Imagem: Thiago Reginaldo

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pedro, João, Maria...



O caldeirão enfeitiçado da bruxa malvada
tem maçã, contragostos, choros e gargalhadas

O estômago do lobo dentuço
tem vovó, porquinhos, casas e famílias costuradas

A torre edificada
enclausura uma princesa de longas madeixas entreçalaçadas

O sapo
guarda a magia enfeitiçada por um encanto que espera o beijo da mulher apaixonada

Um coração de conto de fadas espera por muita coisa que possa ser guardada

O lirismo de uma música alegre, uma risada

Quando estiver triste pense nesta charada

Quem quem pode ser feliz e construir o próprio palácio de cristal açucarado

Sim sim

Não não

Não é uma pergunta complicada

Pegue uma flor e de pétala em pétala desatada restará só o talo em sua mão

Olhe para o talo verde que lembra uma varinha encantada

Guie em direção ao seu coração

Eis você

A resposta tão esperada.

Texto e fotomontagem: Thiago Reginaldo